Resumo sobre A Ideologia Alemã - Marx e Engels
Em seu livro “ A Ideologia Alemã” –
publicado, apenas, em 1933- Marx e
Engels rompem com o chamado hegelianismo de esquerda, a obra acusa os “jovens
hegelianos” de serem produtores de uma ideologia alemã conservadora, apesar de
se auto denominarem filósofos revolucionários. Marx aponta para o fato de que,
para estes teóricos, as transformações da sociedade se originam somente no plano
do pensamento e nunca alcançam a realidade concreta. Isto porque cada um deles,
criticando a teoria hegeliana, adota um aspecto desta, sem romper com a falsa
noção de que é o espírito humano, e não a atividade humana, o sujeito da
história. Assim, para tais filósofos, as ideias adquirem autonomia e passam a
subjugar o mundo, devendo o pensador, para transformar a realidade, substituir
as ideias reinantes por outras que considere libertadoras e verdadeiras.
Com isso, Marx inverte o
idealismo hegeliano e procura compreender a história real dos seres humanos em
sociedade a partir das condições materiais nas quais eles vivem. Para o
filósofo, para transformar o mundo é necessário partir do que é mais
fundamental, mais palpável na realidade, a matéria, não existe nada no mundo
humano que não venha dos próprios humanos, do trabalho (ação humana
transformadora da natureza). A realidade se funda na matéria. Hegel acreditava
que o espirito humano, a razão, nos guiaria para um futuro prospero, e que isso
seria um movimento natural da história, ou seja, um progresso criado pela
razão. Marx recusa essa teleologia, pois para ele tudo se funda na realidade,
logo, a história, que também se funda na realidade, é feita no mundo material.
A história não é algo que possa ser prevista, pelo contrário, a história pode
ser mudada, pois é feita por homens e mulheres, sendo assim, a realidade não é
algo linear, constante, ela se transforma. A realidade é diferente em tempos
históricos diferentes. Essa visão da história foi chamada de materialismo
histórico. Para Marx não existe o indivíduo formado fora das relações sociais,
como afirma Hegel, Feuerbach e outros. Para ele “A essência humana é o conjunto
das relações sociais”, o que significa que a forma como os indivíduos se comportam,
agem, sentem, e pensam vincula-se à forma como se dão as relações sociais.
Essas relações sociais, são determinadas pela forma de produção da vida
material, ou seja, pela maneira como os seres humanos trabalham e produzem os
meios necessários para a sustentação material das sociedades.
Ao falar
da produção material da vida, Marx não se refere apenas à produção das inúmeras
coisas necessárias à manutenção físicas dos indivíduos, considera o fato de
que, ao produzirem todas essas coisas, os seres humanos constroem a si mesmos
como indivíduos. Isso ocorre porque, “o modo de produção da vida material
condiciona o processo geral de vida social, política e espiritual”. Para Marx,
a realidade é composta pelo meio e pelo sujeito que vive nela e, da mesma
forma, que o sujeito intervém no meio, o meio também intervém no sujeito, é uma
dualidade, reciprocidade no processo de construção de existência. O princípio
da dialética em Marx, não só se difere da dialética hegeliana, mas também é sua
antítese. Dessa forma, pode-se esquematizar o método dialético da seguinte
forma: Tese, Antítese e Síntese. A “tese” trata-se de uma primeira proposição
dada; a “antítese” é a oposição, ou seja, contrária à tese. Do choque entre a
“tese” e a “antítese” é que temos uma conclusão, a “síntese”. A tese seria a classe dos capitalistas que
tem seus interesses atendidos, tanto, por serem donas dos meios de produção,
quanto, por possuírem uma influência direta e indireta na super-estrutura
(direito, religião, moral burguesa). O direito em Marx é um instrumento de
dominação da classe dominante, logo, o Estado não existe com o objetivo de
mediação de conflitos, para Marx, tal ideia é uma ideologia burguesa, servindo
apenas para encobrir a verdade. O Estado não está além dos homens, pois não
existe nada além dos homens. Sendo assim, Marx afirma que “Os pensamentos da
classe dominante são, em todas as épocas as ideias dominantes”. A antítese
seria a classe dos trabalhadores, pois eles só possuem a força de trabalho para
oferecer e por estarem em condições precárias e inferiores, essa classe sempre
vai ser, para Marx, a fonte dos conflitos. Esses conflitos que serão criados
entre a classe dominante e a classe proletária gera novas sínteses, geram
mudanças. E é por isso que “ o motor da história para Marx, é a luta de
classes”. Nas concepções hegelianas, a dialética é um instrumento de
legitimação da realidade existente. Já, segundo Marx, a dialética permite o
entendimento da possibilidade de negação dessa realidade. A dialética em Marx
permite compreender a história em seu movimento, em que cada etapa é vista não
como algo estático e definitivo, mas como algo transitório, que pode ser
transformado pela ação humana, pois, a história é feita por seres humanos, que
interferem no processo histórico e podem, dessa forma, transformar a realidade
social, sobretudo se alterarem seu modo de produção. O Materialismo Histórico
Dialético, portanto, trata-se de um referencial teórico na busca de explicações
para os problemas dos fenômenos do plano da realidade.
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